segunda-feira, 20 de julho de 2009

" Sei, Mas Não Devia.. "  Eu sei q a gente se acostuma. Mas ñ devia. A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a ñ ter outra vista q ñ as janelas ao redor. E pq ñ tem vista, logo se acostuma a ñ olhar para fora. E pq ñ olha para fora, logo se acostuma a ñ abrir de tdo as cortinas. E pq ñ abre as cortinas, logo se acostuma a acender + cedo à luz. E pq... À medida q se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão. A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado...Pq está na hra. A tomar café correndo pq está atrasado. A ler jornal no ônibus pq ñ pode perder o tempo o tempo da viagem. A comer sanduíches pq já é noite. A cochilar no ônibus pq está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceitos os mortos e q haja números para os mortos. E aceitando os nºs, aceita ñ acreditar nas negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceitar ler tdo dia de guerra, dos nº da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone:-Hj ñ posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado qdo precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tdo o q deseja e o q necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com q paga. E a ganhar menos do q precisa. E a pagar mais do q as coisas valem. E a saber q cada vez parará mais. E a procurar + trabalho, para ganhar + dinheiro, para ter com o q pagar nas filas em q se cobra. A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque q os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas,Às bactérias da água potável,À contaminação da água do mar.À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a ñ ouvir passarinhos,A ñ colher frutos do pé,A ñ ter sequer uma planta. A gente se acostuma a coisas d+, para ñ sofrer. Em doses pequenas, tentando ñ perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na 1ª fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há mto q fzer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito pq tem sono atrasado. A gente se acostuma para ñ se ralar na aspereza, para preservar a pele. Acostuma-se para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida.  Q aos poucos se gasta, e q, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

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